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VPPB – fatores de risco

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VPPB: fatores de risco de ocorrência e recorrência

Após o diagnóstico de VPPB vem sempre a pergunta: o que causa a VPPB? E em seguida: pode haver recorrência?

A fisiopatologia da VPPB é bem conhecida: um processo mecânico, no qual partículas de cristais de carbonato de cálcio se descolam da mácula do utrículo e caem nos canais semicirculares, sendo o posterior o mais frequentemente acometido. Mas o que leva a este descolamento dos otólitos?

Um grupo de pesquisadores publicou recentemente duas meta-análises, que tiveram como objetivo responder estas duas perguntas: quais são os fatores de risco para ocorrência e recorrência da VPPB (1,2). O estudo de ocorrência revisou 19 trabalhos, incluindo 14286 pacientes , e o estudo de recorrência analisou 14 estudos, envolvendo 3060 pacientes (750 no grupo de recorrência e 2310 no grupo de não recorrência). Gênero, idade, vitamina D, osteoporose, trauma, HAS, DM , colesterol, migrânea foram alguns dos fatores de risco analisados pelos autores, como mostrado na tabela abaixo.

Dados interessantes e limitações

Admite-se que mulheres e indivíduos mais velhos têm chance aumentada de desenvolver VPPB, mas este estudo não confirmou este dado referente à idade. Os autores argumentam que isso pode ter sido um viés dos artigos selecionados, que alguns avaliaram uma faixa etária especifica e outros tinham pacientes relativamente jovens.

A deficiência de vitamina D e a osteoporose têm sido apontadas também por outros estudos como fatores de risco para VPPB, e a relação entre estes aspectos é uma possível desmineralização dos otólitos.

Um aspecto que chama a atenção é que não há concordância entre fatores de risco para ocorrência e recorrência. Se considerarmos trauma, isto é fácil de compreender, visto que o trauma é pontual, e provavelmente leva a um único episódio de VPPB. Mas outras condições são duradouras, como HAS, DM, colesterol total aumentado e migrânea, e enquanto colesterol aumentado é de fato fator de risco para ocorrência e recorrência, HAS e DM são apenas para recorrência e migrânea apenas para ocorrência. Os próprios autores apontam, no entanto que os estudos que avaliaram principalmente a recorrência da VPPB relacionada a estes fatores de risco são bastante heterogêneos e que são necessários mais dados.

Outras duas limitações destes estudos foram: (1) o fato de não incluírem alguns aspectos potencialmente relevantes como outras doenças vestibulares, além da doença de Menière e (2) o fato de a maioria dos estudos ter sido realizada com a população asiática, não sendo portanto possível extrapolar para toda a população mundial.

Comentário final

Alguns resultados destes estudos confirmam dados prévios e antigos como por exemplo que mulheres têm maior risco de desenvolver VPPB, e reforçam a importância a osteoporose da deficiência de vitamina D como tem sido apontado recentemente.

Embora não tenha sido possível confirmar a importância da HAS, DM, estes trabalhos pelo menos lançam a pergunta referente a fatores de risco bastante prevalentes e que talvez mereçam a atenção.

Referências

  1. Chen J, Zhao W, Yue X, Zhang P. Risk factors for the occurrence of benign paroxysmal positional vertigo: A systematic review and meta-analysis. Front Neurol. 2020;11(June):1–12. (link)
  2. Chen J, Zhang S, Cui K, Liu C. Risk factors for benign paroxysmal positional vertigo recurrence: a systematic review and meta-analysis. J Neurol [Internet]. 2020;(0123456789). (link)

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